Frequentadora assídua de livrarias mundo afora, a equipe Amora não teve como deixar de perceber a presença marcante das mulheres na literatura argentina contemporânea, tanto no seu país de origem quanto em grandes centros culturais como São Paulo, Berlim, Nova York e Paris. Com capas variadas e títulos traduzidos, os nomes de Mariana Enríquez, Samantha Schweblin, Camila Sosa Villada, Carla Maliandi e Ariana Harwicz nunca faltam nas mesas e nos displays de destaque. O fenômeno deve-se a vários fatores como o Programa SUR e o movimento Mulheres Traduzem Mulheres, que fazem com que obras de escritoras argentinas contemporâneas conquistem o mercado internacional e sejam frequentemente selecionadas para prêmios literários.
O mercado editorial argentino ainda é dominado por escritores. Mesmo quando se trata do livro de uma autora, os tradutores são, muitas vezes, homens. O que o movimento Mulheres Traduzem Mulheres busca é dar visibilidade às autoras e às tradutoras e fazer com que obras que, de certa forma, ficariam relegadas unicamente às livrarias da Argentina, quem sabe de países vizinhos de língua espanhola, cheguem na mesa de editoras de peso na Europa e nos EUA. Esses mercados são importantíssimos pelo volume de vendas e também pela exposição que as autoras recebem na mídia e, por consequência, nos prêmios. Vale informar que o Mulheres Traduzem Mulheres não é algo exclusivo da Argentina. É um projeto global envolvendo mulheres em vários países que têm, como principal objetivo, traduzir livros em "línguas estrangeiras" para o inglês.
Em paralelo, através do Programa SUR, do departamento de assuntos culturais do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, junto com instituições como a Biblioteca Nacional, em Buenos Aires, outorgam anualmente subvenções para editoras estrangeiras que queiram traduzir livros argentinos. Desde o início do programa, em 2009, foram traduzidas mais de 1533 obras de 465 escritoras e escritores argentinos. "Agosto", de Paula Romina e "Sete Casas Vazías", de Samantha Schweblin são traduções recentes em português. Em 2021, das 86 subvenções, onze foram para traduções em português, cinco de escritoras, entre ficção e não-ficção.
Ter um livro traduzido e presente no mercado de língua inglesa, por exemplo, faz com que ele seja lido não apenas no Reino Unido e nos EUA, mas também no Canadá, Austrália, África do Sul, Índia e Oriente Médio. Livros em francês são exportados em grande número para países africanos francófonos e para as inúmeras bibliotecas da Aliança Francesa espalhadas pelo mundo. Mas há traduções para o lituano, árabe, croata e iorubá. Ou seja, o poder de disseminação da literatura argentina feita por escritoras vai além dos grandes mercados. Assim como o cinema argentino, a literatura é usada como ferramenta diplomática e comercial.
Contudo, o sucesso das escritoras argentinas contemporâneas não está unicamente circunscrito às traduções. Elas fazem sucesso também em espanhol. O prêmio literário Sor Juan Inés de la Cruz, para escritoras em espanhol, que em 2022 chegou à 30ª edição, selecionou escritoras argentinas oito vezes, a maior aglomeração nacional na frente das mexicanas, com seis prêmios, e das chilenas e espanholas, com 4 de cada país. O prêmio é revelado anualmente na Feira do Livro de Guadalajara, no México.
ESCRITORAS ARGENTINAS CONTEMPORÂNEAS
TRADUZIDAS AO PORTUGUÊS
PARA FICAR DE OLHO
Ariana Harwicz
Mariana Enríquez
Samantha Schweblin
Carla Maliandi
Romina Paula
Selva Almada
Gabriela Cabezón Camera
Camila Sosa Villada
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