A Amora selecionou 12 livros para ler em 2022 e, entre eles, está o "Isso também vai passar" da autora catalã Milena Busquets. Uma obra que colocou a autora entre as mulheres na literatura espanhola contemporânea que mais se destacaram na última década. Nascida em Barcelona, em 1972, Milena cresceu numa casa cheia de artistas. Sua mãe, escritora, e seu pai, poeta, faziam parte da "Esquerda Divina", um movimento político-cultural na efervescente Barcelona dos anos 1960. Frequentou o liceu francês da cidade e, em seguida, foi estudar Arqueologia em Londres.
De volta à Espanha, passou a trabalhar ao lado da mãe no mercado editorial. "Isso também vai passar" é seu segundo romance, mas o primeiro que despertou o interesse de grandes editoras europeias na Feira do Livro de Frankfurt, em 2015. Hoje o livro está traduzido em mais de 30 idiomas e Milena já publicou outros dois, "Gema" (2021) e "Las Palabras Justas" (2022), além de uma coletânea de artigos na imprensa espanhola intitulada "Hombres Elegantes y otros artículos" (2019). Ela mantém uma coluna no jornal catalão El Periódico e é tradutora de inglês, francês e catalão para o espanhol.
Tanto em "Isso também vai passar" quanto em "Gema", Milena usa o tema da perda como catalisador da narrativa. Contudo, ela não fala da morte em si, mas de como ficam os que não se foram. Para ela, o importante da vida acontece nas minúcias, no dia a dia, e não na política, na economia e nas manchetes dos jornais. Viver é ir ao mercado, buscar os filhos na escola, chorar numa peça de teatro, paquerar num bar ou mergulhar no mar. Uma de suas referências são os filmes de Woody Allen (muito populares na Catalunha) que, segundo ela, misturam bem a leviandade e a inteligência com um senso de humor bastante difuso. Contudo, é Virginia Woolf a sua maior musa, a quem considera a melhor escritora de todos os tempos.
Em uma entrevista ao jornal argentino La Nación, Milena confessa que Blanca, personagem principal de "Isso também vai passar" é, de certa forma, seu alter-ego e que o livro é uma autoficção, como quase toda a sua obra. Milena teve uma relação muito estreita com a sua mãe e processou o luto dando impulso à inspiração de viver mais intensamente, como Blanca na praia de Cadaqués.
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